História de Terror - Caçada no Supermercado



 Escrito e ilustrado por Renan Morgado

O supermercado não era dos maiores, mas muito usado pela população local daquele bairro pobre dentro da metrópole. O pequeno menino devia acompanhar com sua mãe porque não podia ficar sozinho, tinha quatro anos. Ele logo correu para pegar bolachas recheadas. A mãe o alcançou e o impediu. A repreensão fez o menino acompanha-la para a frutaria do supermercado.

Ela muito ocupada tentando encontrar as melhores frutas e verduras para embalar e colocar na balança. Muitas pessoas fazendo suas compras, sozinhos ou acompanhados por crianças ou alguém da mesma idade. Nada na movimentação o distraía. Exceto um menino, um ano mais velho e acompanhando a mãe e o pai, fez sinal para ele vir. Ambos os responsáveis distraídos, os dois meninos se encontraram e decidiram jogar pega-pega no supermercado. Eles correram, o movimento chamou a atenção de uns poucos, a mãe do menino mais novo percebeu a ausência primeiro entre os responsáveis.

Eles correram em direção ao corredor das bebidas. O menino se aproximava do menino mais velho. Seus dedos próximos. Ele saltou. Colidiu contra algo a frente. Sentiu o nariz antes de sentar com força no chão. O novo amigo desaparecido. Uma pilha de latas desmoronou. Garrafas caíram da parte mais baixa da prateleira. O menino esteve na mesma linha da prateleira. Seus olhos se arregalaram, boca seca e aberta. Os pés do amigo puxado para o fundo. Uma grande mão prendia seus braços ao corpo. Outra mão o calava. A pele muito brancas. O olhar de susto e confusão do menino antes de desaparecer. Os pés desapareceram dentro da escuridão diferente no fundo da prateleira colada à parede do supermercado.

Ele paralisado de medo, sentindo a escuridão estranha o encarando. Sons perceptíveis estimulavam o menino imaginava uma fera o farejando. A mãe dele o levantou pelo braço, dando broncas em volume baixo. Ele tinha caído sobre a sua mão que doía. A mãe se afastou rápido com ele da bagunça, antes que alguém chegasse. Pararam na fila da padaria no fim daquele corredor, no fundo do supermercado. O garoto apavorado olhou em volta. Um funcionário do supermercado arrumando a bagunça no corredor de bebidas. Os pais do outro menino procurando por este, se aproximando. Foram falar com o funcionário naquele corredor. Ele o indicou para uma direção. O menino encarou o funcionário terminar de enfileirar as garrafas na prateleira perigosa. O rapaz se levantou e olhou para a bagunça de garrafas quebradas e bebidas derramadas.

A fila da padaria andou. A mãe puxou o menino pela mão. O menino andou. A sua atenção mais concentrada do que de costume, sentiu e ouviu algo passar rápido atrás dele. Mesmo se virando, viu no máximo uma sombra pelo canto do olho. A reação dele puxou a blusa de sua mãe e falar que havia um monstro... Ela o repreendeu para se aquietar. Ele apenas se aproximou mais das pernas de sua mãe.

Ele vigiou a prateleira mais próxima, onde podia estar o perigo. Não havia bagunça naquele local. Um espaço maior entre as latas de leite. A fila andou mais. Impossível uma coisa ter passado por aquilo e estar lá dentro, detrás das latas. Como isso pode caber lá e conseguir pegar do meu tamanho? Talvez estava me vigiando de lá? Ele tentou ver e ouvir mais e mais. Achou que ouvia alguma coisa. Era só a imaginação. Muito baixo. Uma respiração igual ao do cachorro dele. Uma fera o caçando.

A mãe pegou o saco de pão que pediu. Verificou seu filho olhando para as latas de leite. Ela o agradeceu por lembrá-la de pegar leite. Ela o puxou em direção a prateleira perigosa. Ele debateu em negação e desespero. Ela o repreendeu e tentou acalmá-lo, preocupada. Pegou rápido uma lata de leite e o se retiraram de lá. Os olhares curiosos dos demais clientes do supermercado.

Um barulho bruto assustou a todos. Um homem odiou ter caído na área da fruteira. Encontrou a bunda suja de um líquido vermelho. O menino temeu ser sangue. O homem encontrou uma lata aberta no chão. Olhou para a prateleira ao lado, latas de molho de tomate. Algumas abertas. Ele começou a gritar ao se levantar. Chamando pelo responsável do supermercado.

A mãe puxou seu filho, precisavam comprar mais coisas. Atravessando a fruteira para a fila do açougue. O homem discutiu irritado com funcionários do supermercado. Chamando a atenção das pessoas no local. A fila do açougue andou. A discussão chamando mais a atenção. Algo caiu do topo da prateleira do outro lado da fruteira, no canto mais próxima da entrada. O homem usou aquilo como exemplo e agora brigava.

A fila andou mais. A discussão soava para o outro corredor. O menino testemunhou duas pessoas sozinhas com carrinhos de compra. Ambas olharam para cima na direção da fruteira. Onde a atenção de todos no supermercado se concentrava. A pessoa mais distante. Um homem muito grande em altura e nos lados, parecia muito pesado. Por isso, o menino ficou apavorado com ele erguido. Muito rápido.

O menino demorou demais a levantar o olhar. Um sapato caiu para o chão. Havia movimento sobre a prateleira do corredor, oposta a prateleira junta a fruteira. Apenas silêncio lá e acabou rápido. Ele se paralisou. O monstro pode se espremer em lugares apertados, se mover rápido sem fazer barulho e ainda ter força para capturar alguém muito grande. Isso poderia devorar ele e a sua mãe.

A fila andou. A mãe precisou insistir para seu filho acompanhar, perguntando o que ele tinha em um tom de preocupação. O olhar dele fixado para o alto da prateleira. A mãe colocou sua mão sobre o ombro dele pra tentar dar mais segurança. Ele se agarrou ao seu braço.

Um dos dois açougueiros chamou. Ela fez seu pedido. O menino olhou em volta, tentando saber onde a fera atacaria novamente. O açougueiro seguiu o pedido e foi para trás do mostruário de peças de carne penduradas. Os olhos do menino vasculharam acima. Vigas e rebocos abertos. Muitos lugares onde o monstro poderia passar. A mãe pedia para o açougueiro mostrar melhor uma determinada carne que ela pedia. A discussão do homem caído ainda acalorada, funcionários tentando acalmá-lo. Os pais do menino desaparecido gritando por ele, o gerente tentando ajudá-los e preocupado com a discussão na fruteira. O menino segurando o braço de sua mãe. Sentiu um cheiro diferente. Um perfume, agradável. Ele sentiu um pouco ao seu lado e depois para um espaço aberto ao lado do açougueiro. Ele temeu aquele sinal. Somente percebeu que a sua mãe chamava pelo açougueiro. As carnes penduradas não se moviam a uns segundos. A mãe falou mais alto. Sem resposta. Ela se preocupou e pediu a outro açougueiro que atendia um cliente. Ele estranhou, seu colega estivera lá um momento atrás. Procurou. O outro cliente chegou a olhar sobre o balcão do açougue. Um açougueiro que fatiava carnes sentiu falta também. Um dos açougueiros perguntou ao responsável pelos frios. Ele e os responsáveis pela padaria estranharam também.

A mãe preocupada demais. O braço dela envolveu mais o menino. Abandonou a cesta de compras e levou o filho nos braços para a saída. Antes dos caixas do supermercado, uma menina de um ano chorando alto no carrinho de compras. Uma funcionária encontrou primeiro, seguida pelo gerente seguido pelo homem irritado. Mais um funcionário veio com o sapato perdido em mãos. Mais e mais clientes resolveram abandonar as compras. O gerente decidiu por chamar pela polícia.

O estacionamento do supermercado com muitos veículos de clientes ou de pessoas apenas usando o estacionamento, e agora se esvaziava. O menino encarava o supermercado. A mãe precisou colocar seu filho na cadeirinha do banco de trás do carro. Ele ainda olhava para o supermercado, por algum sinal. Sua mãe colocava os cintos. Ela o perguntou se estava tudo bem. Ele olhou para ela. Canto do olho. Movimento. Dentro do carro ao lado. Uma mão bateu na janela. Ele reagiu apontando e gritando monstro, a mãe reagiu ao barulho. Nada. O carro ao lado vazio.

O menino viu a mão de sua mãe se fechar. Ela se aproximou do carro. O menino protestou, ela pediu calma. Tentou ver dentro do carro. Disse a ele que não havia nada dentro. Fechou a porta e deu a volta para sentar no banco do motorista.

O menino queria logo sair daquele lugar e chegar em casa. O carro precisou manobrar, ficando atrás do carro suspeito. O menino vigiou o carro. Se assustou calado.

Alguém se curvou para ver-lo melhor. Mas o nariz farejou. De capuz e longo sobretudo. Ele a achou muito linda. Mas reconheceu o tom de pele. A longa e espessa franja, do cabelo prateado dentro do capuz, escondia seus olhos. Ele sabia que ela o encarava. Um largo sorriso se abriu no rosto dela. Uma mão fez sinal de despedida a ele. Ele reconheceu aquela mão.

O carro partiu. O menino tentou olhar para trás o máximo que pode. O carro deu a volta pela saída. Brevemente, o menino viu a figura. Roupa azul escuro com capuz e pele muito branca. Andava tranquilamente entre os clientes assustados do supermercado. Ela acompanhou o carro passar. Ele sentiu que ela olhava diretamente para ele.

Ele jamais se esqueceria dela e do trauma.

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