Crônicas do 2º Apocalipse - Tanques do Regimento Mergulho da Onça


 Escrito e ilustrado por Renan Morgado

          Um comandante do regimento mecanizado em frustração, respiração forte por costume originado em vida. Vasculhando o mapa sobre a mesa, tentando encontrar a posição dos tanques. Mas somente podia usar o rádio

- Precisamos de reforços!

- Não posso. Encontrem a artilharia e saiam daí logo.

Barulhos de bombardeio. Do outro lado da transmissão veio:

- Anda! Nós tirem daqui! Vai!

Cacofonia de estranho barulho de metal. Metais batendo. Os gritos da tripulação. Os sons não naturais e desconcertantes. Grunhidos e rosnados estridentes e sintéticos em  para um berro feroz. Interrupção do rádio abrupta.

O comandante em choque diante de tamanha violência, tão súbita e final. O papagaio em seu ombro gritou em seu ouvido. Ele recuperou a consciência. As almas na sala tentavam entrar em contato com algum dos tanques enviados. Nada de sucesso. O rádio que ele segurava estava mudo. Ele deixou o rádio sobre o mapa.

Ele esperou na sacada do prédio adaptado para a guerra.

Apenas três tripulantes retornaram, cobertos de fuligem e em choque, sem o tanque deles. Nada de tanques. O reduto de almas em agitação para resgatá-los. Soldados vigiaram os arredores contra as movimentações dentro ou atrás de casas. As unidades da Cisprer? Eles podem achar que estamos fracos e nos atacar.

O comandante olhou para baixo da sacada. Seus subordinados trazendo os sobreviventes para cuidados médicos. Outros olhavam para ele, de forma clara ou escondida. Desaprovação e raiva. O papagaio no seu ombro gritou para o céu. Duas fortes luzes azuis. O comandante identificou rápido:

- ARTILHARIA INIMIGA!!! SE PROTEJAM!!!

As duas luzes se revelaram múltiplas. Mísseis feitos de plasma sólida. As explosões quentes derreteram as pedras retangulares, concreto, metal dos edifícios, os panos de barracas se incendiaram com suas estruturas em colapso, almas desapareceram nas explosões. As partículas de luz se dissiparam ao céu, sinal da morte.

O comandante logo encontrou seu papagaio bem. Foi para a sacada. Seus subordinados resgatando rápido. Assumindo postos rápidos. As metralhadoras pesadas e os rifles em posição. Todos eles profissionais e corajosos, enfrentando o medo que os impelem a se esconder e fugir em vez de enfrentar a ameaça da Cisprer. Ele devia estar a altura de ser o comandante destes soldados.

O comandante entrou na sala do seu superior. Porte alto, rosto severo pela idade em vida. 

- Gahr. Qual o problema? - O oficial perguntou.

- Preciso saber qual a situação dos reforços.

- Somente a infantaria vai chegar em breve e nada mais. Aquelas artilharias ainda estão ativas, não? - O comandante balançou a cabeça positivo. - Os soldados não vão conseguir superar a velocidade daquelas máquinas. Quantos tanques ainda temos?

- Somente quatro.

O comandante Gahr respirou fundo. O seu papagaio passou o bico atrás da orelha dele. Ele declarou:

- Isso me lembra quando eu fracassei no meu bar, muitas dívidas, meu marido me deixou porque desisti de tudo. Jamais consegui me recuperar. Se for ter este fracasso em vida. Melhor que eu esteja ao lado de quem arrisca desaparecer para sempre.

- Escolha alguém para ficar no seu lugar antes de ir. - O oficial ordenou.

Gahr entrou na garagem da base, já vestido do uniforme da Proteção do Paraíso e um óculos de proteção. O papagaio não desgrudava de seu ombro. Os tripulantes dos demais tanques e os sobreviventes estranharam ver ele como preparado para as linhas de frente.

- Reforços vão chegar em pouco tempo, mas não em segurança se não destruirmos aquelas artilharias. Jorjo, você toma o meu lugar. - Ele se feriu a um dos sobreviventes que aceitou a ordem. Ele tinha a mão machucada. - Karin, Uio. - Os dois outros sobreviventes. - Vocês estão comigo naquele tanque.

- Somente nós dois? - Uio questionou.

- Não seremos efetivos para combate. Nosso papel principal é de comandar. Moiro,  Latron e Bea. Preparem seus tanques.

Mecânicos e responsáveis preparavam e arrumavam o que podiam dos tanques. Trazendo munições, verificando o estado das esteiras e da blindagem, somente usando a visão.

 As tripulações de cada tanque, o comandante, o carregador, o atirador, o operador da metralhadora na torreta e o motorista. Gahr era comandante, Karin seu motorista, Uio o carregador e atirador. Eles subiram nas escotilhas do tanque. Ele observou rápido o símbolo do regimento na sua blindagem. O grande felino chamado de onça ao ataque junto ao Símbolo da Proteção, a estrela de seis pontas como a Luz do Paraíso.

- Combustivel quase cheio. - Bea informou no rádio conectado a um fone e microfone, verificando o marcador de combustível com o indicador subindo, mexeu as alavancas a frente. - Esteiras respondendo. - Ela ligou o motor.

- Entendido. - Gahr pensava na benção em poderem confiar totalmente no motor. O Paraíso é realmente o descanso eterno. Ele deseja que seus subordinados confiassem nele da mesma forma.

Uio ajeitou a munição na torreta e no compartimento abaixo. Separando entre explosiva, voltada para matar infantaria por estilhaços e chamas, munição penetrante, para furar blindagem e explodir dentro do veículo inimigo, e bombas de fumaça.

Gahr pensou na gratidão de ter dois tripulantes veteranos de guerra. Não falam quase nada em vida. Provavelmente o julgam como inferior. Um empresário fracassado que ordenou os tanques deles para a batalha e custou aos seus companheiros.

Os quatro tanques partiram. O tanque do comandante Gahr ficou no meio da coluna. Uns poucos soldados, voluntários, acompanhavam entre os edifícios, assim como voluntários espalhados pela zona urbana.

Gahr ficou na escotilha da torreta, cercado por placas de metal, o que geralmente seria a proteção para o operador da metralhadora, o qual eles não tinham. Este seria um tanque focado para o comando.

Ele observou o campo de batalha. A zona urbana, muitas árvores e arbustos de folhas em verde escuro e vivo, maioria de casas baixas construídas por pedras retangulares e telhados de madeira em formato curvado e estendiam as bordas para fora. A Luz do Paraíso diminuindo a iluminação, o entardecer, entregava uma coloração amarela aos edifícios. A arquitetura original contrastava com as adições do invasor, vítimas de deterioração. Outdoors e placas horizontais e verticais, em néon desligado e cores artificiais, de símbolos e escritas estranhas, mas podia-se entender que eram marketing e propaganda de produtos e serviços. Inúteis para quem não tem mais as necessidades e desejos dos que se encontram vivos.

Focos de fumaça e marcas de tiros e explosões em edifícios revelam onde deve ter acontecido combates. As ruas estreitas e avenidas planas. Rios profundos e pontes cortam a cidade. Os edifícios de plástico e fibra de carbono, o perímetro cercado por um muro e torres de um plástico resistente. Cores em tons de azul e branco e as luzes verdes, estragadas por ferrugem alaranjada e escura. A base da Cisprer no local. Se o destruíssem, teriam o controle efetivo da localidade.

A artilharia inimiga atacou novamente contra a base quando o último tanque passou pelo portão.

- Até agora não morremos. - O comandante Moiro comentou pelo rádio.

- Se acalma. Vamos destruir estes desgraçados. - O comandante Latron replicou.

- Se alguém não entender direito nada, não vamos. - A comandante Bea comentou.

Gahr não os culpava. Ele interpretou mal os mapas e fracassou em enviar tanques e tropas prontas para partir porque ele julgou errado o poder de destruição dos chamados de "avestruz" ou “pernas de galinha”. Principalmente enviar tanques sem suporte adequado de infantaria. O que ele faz novamente.

- Vamos para a avenida. Chegar perto da base inimiga. Deve fazer a artilharia inimiga se revelar. - Gahr ordenou aos outros comandantes. - Então vamos persegui-los.

- Tem um nome para isso… - A comandante Bea comentou pelo rádio. - Alguma coisa que acontece duas vezes…

- Acredito que vi movimento a frente. - O comandante Latron falou.

- O que você viu? - Gahr perguntou.

- Parece no telhado das casas perto de mim. Lado direito.

- Acho que tem algo no telhado ao lado esquerdo. - O comandante Moiro avisou.

- Mas o que… - Gahr reagiu. Um berro o assustou. O som característico e alto. No lado esquerdo. Ele se arriscou mais para ver acima da proteção da escotilha. - Todos os canhões para a esquerda!

- Senhor. - A comandante Bea avisou. - Latron avisou…

Gahr parou de ouvir quando a origem do berro sintético saltou detrás das casas no lado esquerdo da avenida. A criatura de material estranho,resistente e sintético, mas orgânico. Duas longas pernas ligadas a grande cabeça retangular e com quase um focinho. As esferas robóticas com um brilho no centro pareciam com dois olhos e uma boca.

- Alvo a esquerda! Alvo a esquerda! - Gahr gritou no comunicador.

- Senhor! Controle a voz! - O atirador Uio repreendeu o pânico, enquanto girava uma manivela freneticamente para virar a torreta.

O papagaio gritou. Atraiu Gahr para frente.Nada demais. Nada. Gahr virou o rosto quando um Gueco pousou. As patas com garras amassaram o tanque de Latron.

- Tia! Tem um “Avetruz”... - O comandante Laton gritou.

Gahr assustado demais diante da violência. As patas do Gueco se uniram para penetrar e a pata acima puxou para cima. Rasgando a torreta e parte do blindado para um arremesso para o lado. Sem esforço aparente.

- Bea… - Gahr gaguejou. - Salve Latron!

- NÃO… - Mas a esfera robótica, debaixo do focinho como uma boca, disparou lasers em rápida sucessão. Os gritos de Latron e sua tripulação ecoaram no rádio. Corte abrupto no rádio ao mesmo tempo das partículas de luz apareceram.

Barulho de ferrugem. Gahr olhou para o lado. O primeiro Gueco sumiu. Olhou para cima:

- Karin! Para! - Gahr gritou. A obediência rápida. As patas do Gueco afundou no chão. Pousando a frente do canhão do tanque. - Uio! Atire!

O disparo a queima roupa. Gahr se agachou para ele e o papagaio se protegerem dos estilhaços e chamas.

- Karin! Para frente! - Ele ordenou. - Bea! Moiro! Continuem em frente! Moiro atire no Gueco da esquerda! Bea foque no Gueco da direita!

O Gueco da esquerda apenas recuou com o tiro do tanque. Mesmo bastante enferrujado. Somente uma deformação encima da cabeça. Sobe tiroteio da metralhadora do tanque de Moiro. Ele tentou alcançar o tanque de Gahr, mas a patada não alcançou, ele saltou para escapar do canhão de Moiro. O Gueco da direita escapou do disparo de Karin, mas recuando de volta aos telhados.

Os três tanques em alta velocidade. A torreta e metralhadoras tentando prever onde aquelas duas criaturas pousariam e se moveriam entre os telhados. Uma forma acima da cabeça dos Guecos disparavam múltiplos mísseis de plasma. Voavam espalhados, girando em fora de controle quando não se desviam para uma direção aleatória. Rastros quase sólidos dos gases do ar liquefados pelos mísseis antes do impacto ou desaparecimento.

- Moiro! Inimigo atrás. - Gahr avisou. O tanque logo encontrou o Gueco pousando em edificio mais atrás de onde saltou. Quem destruiu o outdoor de uma bebida para festas com o seu pouso.

Gahr olhou ao redor. Os tiros e mísseis dos Guecos tentavam abatê-lo quando podiam. Avistou a artilharia inimiga aparecer. Ele calculou o possível alvo.

- Artilharia no nosso caminho! Para a casa com cigarro a esquerda!

Os dois comandantes confirmaram a ordem. A esquina antes da casa com um letreiro em forma de um cigarro aceso, letras estilizadas de uma língua desconhecida. Os mísseis dos Guecos acabaram o destruindo quando o último tanque passou. A artilharia bombardeou a avenida tarde demais.

Os tanques subiam um morro, em direção a origem da artilharia que continuava com a sua saraivada.

Gahr tentava ver o que havia a frente, porque mesmo se expondo demais, conseguia ver mais do que os demais que conseguiam ver somente pelos telescópios na blindagem dos tanques. Avistou as artilharias da Cisprer, os Hwachas. Criaturas como Guecos, mas brancos, quatro patas grossas como quase um inseto e sapo, os lançadores de foguetes terminavam a saraivada. Gahr avisaria que os alvos estavam a frente, infelizmente precisou avisar outra coisa:

- Veículos inimigos! Uio! Atire fumaça a frente.

Dois jipes da Cisprer entraram na frente dos Hwachas. Um veículo tinha um canhão antitanque em vez de uma metralhadora encima, era uma arma dos ognos (monsres), e o outro veículo carregava dois passageiros com bazucas. As quatros rodas dentadas se moviam mais rápido do que os tanques pesados.

A fumaça de Uio atrapalhou a mira dos soldados da Cisprer, mas a atravessariam logo. Os Guecos logo atrás. Gahr olhou ao redor. Os becos a direita desceriam ainda em direção a base da Cisprer que ficava sobre um morro. Se sua memória não o enganassem.

- Para a direita, nos encontramos no cruzamento no fim do morro. Vão!

Os dois comandantes e a motorista Karin entenderam rápido a ordem.

Cada tanque entrou rápido em um beco. Gahr sentiu um calor atrás. Um míssil derreteu pouco da placa atrás. Não parecia haver algum dano a mais.

Os Guecos demoliam a os telhados tentando criar algum bloqueio. Os becos pareciam se estreitar. As esteiras brigavam contra as paredes, moendo tijolos, telhados caindo com os edifícios desfazendo.

Gahr olhou para cima, os Hwachas voando por propulsores nas patas. Pareceu que eles os viram. Um foguete passou acima. O jipe do canhão AT (anti-tanque) os perseguia.

- Gahr! Se abaixa! - Motorista Karin avisou. - Uio! Atira a frente!

Ele olhou para frente. Uma parede a frente. O tiro do canhão a abriu. Gahr se agachou perseguido pelos escombros.

- Boa ideia, Karin. - Ele elogiou.

Atravessaram o edifício por força bruta para de volta a um beco. Os escombros atrás dificultaram a perseguição do jipe que precisou encontrar outra rota.

- Eu vi a artilharia inimiga voar para a nossa frente. Alguém os viram! - Gahr perguntou. Chegavam à beira de um rio quando Bea respondeu:

- A artilharia pousou num morro. Do outro lado do rio.

- Deve haver uma ponte pela direita. - Karin tentava se lembrar.

- Entendido. - Gahr respondeu, saindo da escotilha. - Moio! Bea! Para a direita! A ponte!

A artilharia já vinha. Os tanques seguiram a ordem. Os tremores e fumaça causadas pelo bombardeio. Os Hwachas sobre um morro a curta distância do outro lado do rio. Gahr seguiu os gritos de seu papagaio para avistar a ponte.

- A ponte está a trezentos metros!

Os tanques escaparam da área bombardeada. Os Guecos e jipes foram para esta rua, persegui-los. A água em grande velocidade e força abaixo.

A travessia sob fogo inimigo. A ponte já bastante danificada. Rachaduras aumentando diante do peso e ataques. Os tanques tremiam demais na travessia. Os jipes alcançaram a ponte. Um Gueco pousou e correu sobre a beirada. A ponte cedeu, somente para a Cisprer. O Gueco pisou em falso, os jipes afundaram. A ponte se desfez logo atrás dos tanques. Escombros e unidades da Cisprer se perderam na correnteza.

- O Paraíso é para somente as almas boas em vida! - Gahr ouviu alguém da tripulação de um dos tanques gritar pelo rádio.

O outro Gueco berrou para as unidades descendo na correnteza.

Os Hwachas aparentemente sozinhos. Os tanques tentavam acerta-los, mas o ângulos altos pela diferença de alturas dificultava.

- Senhor Gahr. Jojo aqui. Nossos batedores alertam de reforços na base da Cisprer.

- Entendido. - Gahr verificou a movimentação da base da Cisprer. O portão principal se abriu e um grande exame saia como uma nuvem subindo. Ele se voltou ao seu papagaio. - Paco. Chame por reforços.

Paco imitou “entendido” e voou para longe, enquanto Gahr ordenou o avanço dos tanques.

Diferentes drones, porte pequeno, flutuando ou voando por hélice, zumbindo como uma multidão de insetos vivos. A cacofonia irritava aos ouvidos. A metralhadoras tentavam abater o que podiam do enxame voando em uma circunferência para a retaguarda deles. O único caminho para os tanques à beira do rio. Gahr desconfiou e vigiou a frente.

- Alerta! O "avestruz" e dois tanques a nossa diagonal à frente no outro lado do rio. - Gahr avisou.

O Gueco sobrevivente entre telhados, seguido por dois tanques na rua. Estes veículos em forma de “U”, flutuavam sem esteiras, a torreta para somente um operador e com dois canhões retangulares. Logo eles disparariam suas luzes mortais. Gahr sabia que eles teriam problemas para mirar e atirar em movimento, eles não conseguiram acertar os "avestruzes" pulando e se movendo para todo lado. Mas havia alvos maiores e estáticos.

- Munição explosiva. Moiro. O prédio de turismo. Bea. A torre do relógio. - Gahr selecionou um edifício recheado de imagens de lugares bonitos pelo Paraíso e a réplica de alguma torre de vidro, mas aqui tudo plástico, com um relógio de dez ponteiros e dezenas de possíveis números.

A explosão na torre expeliu estilhaços fumegantes. O Gueco protegeu seus olhos e disparador com uma pata. O topo da torre caiu sobre ele. O telhado cedeu levando tudo para dentro do edíficio. A demolição do prédio provocou escombros e letreiros pesados das imagens sobre a rua. Os tanques se moveram abruptamente para evita-los.

- Bea. Moiro. O térreo do prédio de dois andares. Agora.

Os dois disparos demolem o térreo do prédio de térreo em tijolos e dois andares em material como fibra de carbono. Os tanques da Cisprer julgam erroneamente que haveria somente uns destroços na rua para evitar. A demolição fácil da estrutura antiga enviou os andares pesados sobre os tanques.

Se a ameaça não estivesse aniquilada, pelo menos incapacitadas. Mas o enxame de drones ainda se aproximava. Quantidades grandes demais para as metralhadoras. Gahr julgou que agora a artilharia interviria. Ele ordenou os tanques subirem uma rua e virar a esquerda. Os Hwachas pouco conseguiram avistar os alvos entre os edifícios, servindo de proteção para os tanques.

Gahr precisou entrar na torreta para se proteger dos estilhaços. Quando se expôs, sorriu diante da chegada de reforços. Paco liderou o bando de almas de pássaros. As diferentes espécies de aves se engalfinharam com os drones. Os Hwachas dispararam contra o bando, tentando ajudar os drones.

Paco pousou ao braço de Gahr. Ele o elogiou e acariciou sua cabeça:

- Bom trabalho, amigo.

Os tanques pararam no cruzamento de becos. Uma pequena estátua de algo ou alguém importante para os antigos moradores do local. O comandante Jojo entrou em contato:

- Os reforços chegaram e já estão se movendo. Alertam que viram Cisprer sair de escombros…

O Gueco saiu de dentro do edifício, levantou a pata virada para o lado errado. O barulho estridente e a aparência dolorosa da pata se ajeitando. Um tanque da Cisprer forço demais para sair dos escombros. Acabou se desligando, se chocando e deslizando um pouco no solo. O Gueco bate com a pata fazer o reator do tanque a voltar a funcionar.

- A artilharia inimiga retornou a base, a nossa infantaria pode se mover por enquanto.

- Entendido. - Gahr comentou, de pé encima do tanque podia avistar a base da Cisprer. Relativamente próximo. Os demais comandantes e tripulação podiam ouvir a conversa. Gahr pediu. - Senhor. Quanto tempo para a infantaria chegar a base da Cisprer.

- Vou verificar. - Jojo respondeu, depois um tempo. - Eles falam que poderiam chegar em dez minutos.

- Entendido. - Gahr falou. Olhou para seus comandantes. - Temos uma chance de derrotar a Cisprer de uma vez por todas. Estão comigo?

- Até agora nenhum de nós morremos. - Moiro apontou.

- Vamos ver se podemos abusar mais da sorte. - Bea comentou. As tripulações concordaram, entusiastas a destruir aquela base.

Gahr informou a Jojo seu plano e pediu permissão.

- Se você vê como possível, sim. Eu vou colocar em contato com o comandante da brigada.

Alguns minutos depois. Os tanques voltaram em movimento. Fazendo círculos para se aproximar da base. Nos espaços entre os edifícios, os tanques disparavam contra a base da Cisprer. Gahr tentava avistar a reação da base. A silhueta do Gueco apontando para o lado oposto ao deles, parecia falar com alguém na base.

- Não deu certo! Eles vão enfrentar a infantaria… - Gahr informava. Os Hwachas voavam em direção a eles. Se separando. Gahr olhou para o Gueco. Ele se movia em direção oposta a infantaria. - Alerta! A artilharia e o “avestruz” querem nos matar. As duas artilharias se separaram e estão vindo a nós. Perdi de vista o “avestruz”.

Gahr mudou de frequência para entrar em contato com o comandante da infantaria. Olhava ao redor. O som dos motores queimando combustível, das esteiras se movendo e das torretas se movendo. O cheiro dos plásticos e materiais artificiais enferrujados e apodrecendo. Os Hwachas se esconderam atrás de edifícios, nenhum sinal do Gueco. Sabiam que deviam estar em algum lugar. Provavelmente usariam pontos altos. 

- Contato a quatro horas! - O operador da metralhadora alertou e atirou.

Gahr viu o outdoor terminar de cair ao chão. O Hwacha disparou em distância tão curta que os múltiplos mísseis quase unidos. Somente um lançador, mas poder demais como quase uma única carga de plasma.

- Karin! Esquerda! - Gahr antecipou o movimento que o seu motorista realizou. Os outros dois tanques se moveram para se livrar. Ele entregou as coordenadas para Uio atirar. Os três tanques dispararam. O Hwacha teve um dano em uma perna da frente e recuou. Gahr ouviu o barulho irritante e enferrujado. - O “avestruz” vindo pela esquerda!

O Gueco veio em alta velocidade. Desceu do telhado na velocidade. Para cima do tanque de Moiro, posicionado atrás do tanque de Gahr.

- Moiro em perigo! - Gahr avisou. O tanque de Bea e a torreta de Uio reagiram rápido. O Gueco percebeu e não conseguiu terminar de rasgar a blindagem. Disparou seus mísseis contra Gahr. Ele se refugiu dentro da torreta. Tanque sacudindo violentamente. Karin movendo o tanque para tentar se livrar dos mísseis. O tanque parou de funcionar. Os misseis pararam de repente. Furos derretendo na blindagem. Vazamentos de óleos hidráulicos. Uio sentindo a cabeça. Karin também verificou se todos estavam bem.

- Paramos o “avestruz”! Ele fugiu! - Bea avisou. Gahr perguntou o estado de Moiro.

- Moiro aqui. Perdemos a metralhadora e temos um rasgo na blindagem. Estamos expostos. NÃO!!!!

Tremores. Gahr observou pelos furos. Bombardeio do outro Hwacha.

- Temos que sair daqui! - Gahr gritou.

Karin e Uio tentando fazer o tanque se mover. Gahr tentou fechar uma válvula para parar um vazamento. Paco gritou. Gahr viu pelos furos o tanque de Moiro os ultrapassou. Mas Paco gritava para outro lado. As pernas barulhentas.

- Moiro! - Gahr tentou avisar. O Gueco alcançou o tanque. Mísseis entrando pelo rasgo.

- AHHHHHH!!!!!!! - Moiro gritou.

O tanque sucumbiu. A munição explodiu em direção ao Gueco que recuou. Atingido por um bombardeio do Hwacha.

- Uio! Canhão! - Gahr ordenou para Uio voltar ao canhão.

- Maldito! - Bea xingou. O tanque dando a volta.

- Bea! - Gahr se expôs para ver o que acontecia. - Artilharia voltou a nossa frente!

- NÃO… - Ela deve ter visto o Hwacha retornar ao mesmo telhado e disparar com o outro lançador.

Parte dos mísseis estourou o tanque para pedaços.

- Uio!

- Fogo! - Ele respondeu. O disparo acertou um lançador do Hwacha. A explosão cortou o Hwacha pela metade. 

Berro furioso! O Gueco correu investida contra o tanque. Gahr se abaixou dos lasers do inimigo. Karin finalmente conseguiu forçar o motor a funcionar. Avançando. O Gueco surpreendido. Uma perna presa debaixo da esteira. Gueco grunhiu e berrou. A outra pata forçou para esmagar e rasgar a blindagem. Blindagem e objetos se modificando. Karin abandonou seu posto para escapar.

O tanque acidentou contra a parede de uma casa. Pressionando o Gueco. O canhão se contorceu. A tripulação se recuperou. O Gueco tentando abrir a blindagem. Gahr segurou Paco em mãos, vendo a pata tentando abrir como uma lata de sardinha.

- Saiam agora! - Gahr ordenou. 

A tripulação saltava através dos furos com a blindagem enfraquecido. O tanque se abrindo mais fácil. Gahr pegou uma munição explosiva e bateu o fundo disso contra um pedaço da blindagem. Ele jogou contra as demais munições. Ele saltou por último.

Explosão. As munições atingidas tremeram com faíscas aumentando. Explosões se multiplicaram. O berro do Gueco. A demolição do edifício. Nuvem de poeira e fumaça.

Paco pousou em frente de Gahr que se levantava. Ele o recolheu. Karin e Uio se levantavam com dificuldade também. Eles não falaram nada entre eles. Apenas acenaram uma ao outro, concordando. A base da Cisprer em chamas. Sons de tiroteios e lasers. Pareciam diminuir. Eles concordaram em se encontrar com os reforços.

Eles passaram pelos pedaços do tanque de Bea e os destroços do tanque de Moiro. Não queriam falar sobre nada. Ouviram atrás deles. Paralisaram. Paco gritou baixo. As três almas se voltaram devagar. O Gueco se levantando mais uma vez dos escombros. Faíscas elétricas pelo corpo. A perna machucada pela esteira vacilava. Se sustentava somente com a outra perna. Ele preparou os mísseis. Nada. Balançou a cabeça. Nada funcionava.

Um berro estridente. Encima de um telhado o último Hwacha chamou o Gueco. Uma coluna de blindados e jipes da Cisprer passou em frente do Gueco. Ele subiu em um blindado em movimento, sua carona. Cisprer recuava.

As almas se entreolharam, agradecidos por continuarem a existir. Andarem em direção a base em chamas nas ruas vazias naquele local urbano.

Anoiteceu. Esquadrões da infantaria asseguravam o perímetro da base. O fedor forte dos materiais artificiais em combustão. Todos cobriam a boca e nariz por um pano. Finalmente conseguiram um rádio. Jojo não conseguia esconder a preocupação. O contato terminou com a informação:

- O regimento vai enviar tanques para nós. Descansem que amanhã já partiremos para o próximo bairro de Silvadra.

- Entendido. - Gahr respondeu. Eles executaram a ordem.


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