Crônicas do 2° Apocalipse - Assistência Técnica no Campo de Batalha

Ilustrado e escrito por Renan Morgado

Um planeta onde carros voadores são comuns. Um jovem sofria para consertar o levantador de carros. Tomava choques entre seus dedos e o alicate. Muito tempo preso só para conectar dois componentes com o pequeno gerador e bateria. Talvez seu pai ou seu irmão sabem o que está faltando. Não. Teria que ouvir eles ensinando de novo. Ele se cansou e tentou verificar se funcionava. Os imãs eletromagnéticos levitou o carro. Ele julgou como satisfatório e cobriu as fiações e motor com a tampa.

- Quono. Já terminou? - O pai dele acompanhado pelo seu irmão mais velho.

- Sim. Não está vendo? - Quo disse, indo embora. - Vou tomar um banho agora.

O pai falou ao seu filho mais velho para trabalharem. Quono ouviu uma faísca. Estranhou. Se virou e olhou. Os imãs perdendo força. Sua família debaixo do carro. Desligou.

- Não!

O trauma o impulsionou a acordar. Tiros ao seu redor, chamas de explosões. A base no fundo de vale cercado por quatro montanhas no Paraíso. Inimigos excedendo as unidades da Cisprer em números e armamentos. Lasers subiam contra as balas de metal descendo como chuva. Bazucas e morteiros tentavam explodir os componentes da base. Torretas desligadas ou funcionavam irregularmente. As armas dos colaboradores enferrujados, esquentando ou não funcionando.

Quono avistou seu comandante com o braço ciborgue preso debaixo de um gerador destruído. Tentava empurrar o objeto para se libertar, sacou sua faca para separar seu braço mecânico da carne.

- Não, não, não, não. - Quono agiu rápido, o impedindo e regulou o ombro exposto. O braço se ligou. O gerador pareceu leve quando ele conseguiu se libertar.

- Quono. Você tem mãos de diamante. Arrume as nossas armas. - O comandante  tocou seu ombro ao ordenar. Eles se separaram.

O mecânico recuperou o seu capacete, a ferramenta de mão e sua caixa de ferramentas. Tudo cheio de sujeira como ele por causa da explosão que o derrubou antes. Ele correu por estar exposto demais. O colaborador na metralhadora laser encima de um jipe gritou a outro colaborador de bigode verde encostado ao jipe do lado de fora:

- Mani! Tire aquele atirador da minha bunda!

- Estou tentando! - O colaborador de bigode verde informou, brigando para tentar fazer o rifle de franco-atirador em funcionar. Um tiro atingiu a proteção, um escudo improvisado de placas de metal e madeira, atrás do operador da metralhadora.

Quono chegou escorregando para a mesma proteção que o carbocleico de bigode verde.

- Deixa eu ver isso. - Ele tomou o rifle. O soldado tentou suprimir o franco-atirador com sua arma pouco precisa. Um tiro quase atingiu a mão do operador na metralhadora.

- Vamos Mani!

- Estou tentando!

Quono acabou provocando o disparo do laser reto do rifle. Deu rápido para o soldado de bigode verde. Um tiro certeiro dispensou o atirador em partículas brancas.

Uma salva de foguetes choveu sobre a base. Quono pensou que eles precisariam de mais poder de fogo. Teria algo assim em algum lugar.

- Hei! Vem cá! - A colaboradora na porta aberta de um jipe o chamou.

Quono pulou para lá dentro. A porta fechou. O lugar fechado e com seres demais dentro. Som abafado dos ricochetes dos tiros contra o veículo. Um colaborador gritava em desespero, enquanto outro tentava o acalmar.

- Vocês têm alguma arma grande? - Quono perguntou.

- Só a metralhadora encima que pifou. - A colaboradora no banco de motorista apontou um dedo pra cima.

- Eu vou lá concertar. - Quono disse.

- Está maluco criatura? - Um colaborador questionou.

- Se não contra-atacar. Eles vão nos destruir. - Quono argumentou. Uma explosão no lado de fora quase atingiu o jipe.

Ele abriu a escotilha do jipe para subir para a metralhadora, mesmo sob protestos. Abriu a caixa de ferramentas e usou várias ferramentas para abrir a metralhadora. Tiros passavam pelos seus ouvidos ou ricocheteavam nos escudos improvisados na frente e atrás. Ele respirava fundo e prendia o ar, tentando se concentrar nas fibras óticas e inventar novas conexões por soldas e gambiarras entre fios e retiradas de partes da arma.

Uma salva de foguetes. Quono tentou se proteger de estilhaços. Seu braço esquerdo machucou.

- Hei cara. Você está bem? - Um colaborador perguntou.

- Estou bem. Estou bem. - Ele respondeu, enfrentando a dor.

Retornou a tarefa. Conectou as baterias de munição da metralhadora com a arma em si e o sistema do jipe para obter o motor e bateria do jipe para tentar funcionar. Seu apertar no gatilho resultou em tiros descontrolados pela falta de treino dele.

- Está pronto. Vão! - O mecânico desceu com sua caixa e ferramentas.

Saiu correndo enquanto a metralhadora e o sistema do jipe tentavam abater os foguetes e as origens deles nas montanhas.

As criaturas artificiais bípedes da Cisprer, os Guecos, disparavam seus lasers do olho embaixo do focinho e os mísseis do lançador encima da cabeça. Mísseis se perdiam ou se desligavam entre os que conseguiam ir em direção ao alvo. O comandante discutia com um Gueco enquanto ambos revidavam os tiros das montanhas.

- Garoto! - Ele chamou Quono. - Temos dois problemas. O gerador do campo de força não funciona. E o complexo de comando está sem energia e por isso não podemos chamar reforços e suporte. A decisão é sua.

Um tiro pareceu passar perto demais, os forçou a se agachar e ricocheteou no Gueco. Quono raciocinou no que devia fazer. Pensar rápido. O campo de força traz segurança e tal. Mas é complexo, demora. O gerador deve ser mais fácil e chamar ajuda. Como ele devia ter chamado ajuda para o levantador de carros. Chamar reforços é a prioridade para saberem que estavam em perigo e precisavam de ajuda para agora.

Quono correu para dentro do complexo, servindo de proteção como bunker escuro. Ele procurou e encontrou o gerador. Era um reator. Aquilo não é padrão Cisprer. Mas tinha a marca da Cisprer e bastante velho. Aquilo tremia, poderia explodir em breve! Devia tirar esta tensão. Os cabos não deviam funcionar. Ele tentou tirar. Tomou choques. Algo isolante, devia ter luvas ou algo.

Um arsenal que colaboradores entravam e saiam para trocar de armas. Um colete largado e o uniforme pareciam ser isolantes. Ele conseguiu desconectar os enormes cabos e trocou o primeiro cabo. Uma parte da energia voltou. A Inteligência Artificial da base avisou em tom calmo:

- Helicópteros inimigos vindo do suloestero.

Um holograma desenhou os helicópteros disparando mísseis. Tremores violentos. Desmoramento em algumas partes. Quono se levantou por ajuda do comandante.

- Nossas armas AA (Antiaereas) não estão funcionando. Inimigos já estão dentro da base. Verifique se os carros podem andar.

- Entendi. - Quono respondeu a seu comandante.

Os helicópteros inimigos conseguiam entrar na base. As naves deles se recusavam a funcionar. Não tinham tempo para isso. Chegou a garagem. Caminhões capturados dos inimigos que os atacavam agora. Funcionavam e tinham combustível, talvez o suficiente para irem longe… Tinham que se livrar daqueles helicópteros.

Ele encontrou um extintor de incêndio e peças sobressalentes para os veículos que não funcionavam. Formou uma rampa com as soldas e usou a sua ferramenta maior para arrebentar a cabeça do extintor. Recuou rápido para evitar problemas. O extintor não atingiu o helicóptero, mas assustou o piloto e a fumaça gasosa resultante atrapalhou a visão de outros pilotos.

A chance para os colaboradores fugirem. Uns poucos blindados e jipes da Cisprer funcionavam. Os caminhões capturados foram a forma principal de colher os colaboradores espalhados. Guecos tentaram retaliar em movimento. Poucos drones funcionavam para escoltar a frente do comboio que passou pela entrada tomada por almas.

Horas e horas de fuga. Um blindado parou de funcionar. Quono e outros mecânicos tentavam consertá-lo.

- Esperem, se não for bem feito isso não vai aguentar a viagem. - Ele respondeu para colaboradores temerosos por estarem na estrada perto de um precipício nas montanhas.

- Temos mais três horas de luz para chegar a base principal. - O comandante calculava. - Provavelmente em duas vamos nos encontrar com alguma patrulha ou drone, então é melhor os jipes e Guecos estejam a frente e a atrás dos caminhões para evitar fogo amigo.

Colaboradores e Guecos confirmaram o plano. Quono pensava no que precisaria ter que consertar e modificar para sobreviverem. Os inimigos voltariam em breve ou esperariam mais. Se já não estivessem atacando a base principal.

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