2º Apocalipse - A Maldade da Víbora Alada

Desenhado e escrito por Renan Morgado

Uma vítima acordou. Tentou de novo. Mas as algemas negavam a ceder. Machucavam os punhos. A vítima jamais poderia se libertar daquela mesa sem ajuda. As paredes verdes. Moedas e barras de ouro, pontuadas por brilhos de diamantes e notas voando das maletas. Cores vivas rodeavam a vítima. Queria gritar mais para a janela, mas sem voz e somente um mar azul com o som que devia ser sereno e aconchegante. Até uma televisão ligada com o mesmo noticiário: Novos mísseis, criminalidades nas ruas… Por que nada sobre este sequestro? Por que nenhum dos “verdadeiros” policiais vem e derrubam aquela porta?

Barulho na porta. Depois de dias. Alguém para libertar do cativeiro? Água e comida? Alguma coisa?

Paralisia atacou a vítima. Seu coração batendo mais forte. As duas luzes cortadas ao meio e encarando. O vulto se moveu da porta aberta como se tivesse duas pernas. Mais esforços para se libertar das algemas. Os pigares constantes como chuva formavam o rastro vermelho ao chão.

- Nada mais de solidão. - Aquilo disse.

Tom de tranquilidade. Impulso na vítima em se tranquilizar, seu próprio instinto. Não devia. Aquilo tinha nas costas asas… Garras… Se movendo como pernas… Dedos… Devia fugir agora.

- Me deixe sair. Por favor, eu não fiz nada. - Uma esperança.

- Você não trabalha. - Aquilo disse. - Não está vivendo a sua vida de verdade. Não contribui. Não cuida de uma família. Nem cuida de si. Um alvo do Callahan Sujo.

A vítima entendeu a mensagem crustada em sua mente. O instinto se acionou:

- Eu sou exemplar!

- Você está a margem da sociedade agora. - A língua bifurcada lambeu uma mão, suja de vermelho.

A vítima ofegava com cada passo daquilo. O desespero entalado na garganta. Buscou solução. A televisão, aquilo novamente… Entre quem é o mais poderoso e quem é o mais rico… Não… Não pode ser!

- Ah… - A vítima ouviu.

Pela janela. Seus olhos queriam sair, seu interior como se quisesse escapar pela boca. Todo o ar sumiu. Respiração parou. A escuridão se manifestando só pela presença do que estava lá fora. Assim como o que estava dentro da sala.

- Tenho algo mais importante.

A vítima não sentia e não pensava mais nada para se conformar com a sua existência de alguma forma.


 

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